sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Procon Virtual - Boa Pedida.



NOVO PROCON - (VOCE PODE PRECISAR)

"PROCON é coisa do passado.
A Revista Exame traz uma reportagem sobre um site chamado "Reclame Aqui".
A ideia é que seja um mural (ESPÉCIE DE MURO DAS LAMENTAÇÕES) onde as pessoas expõem suas queixas sobre serviços ou produtos, visível a todos que acessarem o site. O interessante é que, sem burocracia, os problemas são solucionados com mais rapidez.

Quando um consumidor reclama de um produto de alguma empresa, essa empresa recebe um e-mail dessa queixa. E como a empresa preza por sua imagem, ela tende a ser eficiente na solução, que será aberta ao público. O que tem dado muito certo, já que 70% dos casos são resolvidos! E o tempo médio é de menos de uma semana, diferente do PROCON que tem a média em 120 dias.

Lá vai o site:
 
www.reclameaqui.com.brDivulguequanto mais pessoas usarem maior força teremos.

sábado, 22 de outubro de 2011

O SOCIALISMO NO MUNDO


 O SOCIALISMO NO MUNDO – ACORDA BRASIL doc. 238- 2011

Prezados,

Roberto Campos era homem inteligente, mas não era exemplo de ética. Seu papel no serviço público era favorecer empresas estrangeiras, e, por isso, era o “enfant gâté” dos britânicos e dos norte-americanos, como foi, antes dele, Eugênio Gudin.

Seus objetivos no serviço público eram conquistar poder e dinheiro, dois fatores de atração de mulheres, para o gozo de prazeres e orgias.

O ministro Luiz Vianna Filho, que, em 1964, assumiu, com Castello Branco, a chefia da Casa Civil da Presidência, contou a diplomatas brasileiros, seus amigos, esta estória: o presidente determinou que fosse ele convidar Roberto Campos para ser o ministro do Planejamento.

Teve de fazê-lo a bordo de uma lancha da Marinha, pois havia urgência, e os tripulantes da lancha ficaram percorrendo a Baía de Guanabara para encontrar o futuro czar da economia daquele governo. Sabia-se que estava em iate de Sérgio Dourado, então o principal empresário imobiliário do Rio de Janeiro. Ocorria a bordo do iate, ancorado, animada bacanal.

Ali chegando, o chefe da Casa Civil fez o convite, Campos, do alto de seu prestígio com os norte-americanos e com os oficiais brasileiros mais influenciados por Vernon Walters e Cia., respondeu que aceitaria, mas somente com carta branca.

Não houve problema, e Campos deu início à tarefa de destruir grandes contingentes de empresas brasileiras de capital nacional, através de brutal política de restrição ao crédito, juros elevadíssimos e extrema redução dos investimentos públicos, fator de queda na demanda por insumos e indiretamente por produtos de consumo.

Nessa situação, que se repetiu, mais tarde em outros governos,  em novos contextos de crise resultantes do modelo de dependência financeira e tecnológica, foi  enorme o número de falências e concordatas, bem como de aquisições a preço vil das desvalorizadas ações das empresas nacionais por corporações transnacionais (que evidentemente não tinham problemas com crédito no País, pois tinham acesso a crédito externo, além de disporem de mercados em todos os continentes).

Cordialmente,

Adriano Benayon



De: ,yahoogrupos.com.br] Em nome de Antonio Normandia Dos Santos
Enviada em: sexta-feira, 21 de outubro de 2011 18:59
Para: maoslimpasbrasil@yahoogrupos.com.br
Assunto: Re: [maoslimpasbrasil] O SOCIALISMO NO MUNDO – ACORDA BRASIL doc. 238- 2011


         Guardo um velho recorte da página sete do jornal O Globo do ano de 1993,um comentário do senhor Roberto Campos sobre a Constituição brasileira de 1988,onde ele usa como título a expressão :O grande embuste,e inicia o comentário com a citação:"O socialismo não funciona,exceto no céu,onde não é necessário,e no inferno,onde sempre existiu."Stephen Leacock.
          É um comentário crítico principalmente em relação as conquistas sociais que ele diz ser "grande embuste".No quase final do comentário ele se refere a OAB;No caso da OAB,há uma explicação corporativista:temos a única constituição do mundo que entroniza o advogado como "indispensável à administração da justiça",e glorifica no texto constitucional a Ordem dos Advogados,como se fosse um poder do Estado e não um clube de profissionais.
           O meu humilde comentário é no sentido de que o senhor Roberto Campos foi uma grande cabeça pensante da realidade política,econômica e social brasileira.Sub. Normandia.

--- Em sex, 21/10/11, gtmelo2003 <gtmelo2003@yahoo.com.br> escreveu:

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Deus...

 Ivani de Araujo Medina 
Na Antiguidade existiam os deuses, tanto que religio, onis significa culto prestado aos deuses (no sentido original) e não aquelas patacoadas etimológicas criadas por Lactâncio (religare) e Agostinho (reeligere), respectivamente “ligar novamente o Homem ao criador” e “necessidade do ser humano religar-se ao divino”. Foi a teologia cristã (engenharia da enganação) que criou essas bobagens.
Como admirador da história sei muito bem que os judeus eram politeístas que resolveram prestar culto a um indeterminado deus (para os não-judeus). “Não terás outros deuses diante de mim. [...]” O propalado monoteísmo judaico é para a platéia não-iniciada e não para os judeus esotéricos. Deus é uma invenção ou fusão de concepções judaica e grega criada nos primeiros séculos. Antes não havia esse Deus universal no Ocidente. Não havia concepção do divino semelhante nesse aspecto em parte alguma, senão no Egito. Mesmo assim a concepção de um deus único egípcio não se estendia propositalmente a outros povos, como no caso do judaísmo antigo e cristianismo de todas as épocas. Portanto, você está enganado porque a história de Deus é recente sim.

O criador do monoteísmo foi o faraó Akenaton (Amen-hotep IV) que reinou de 1364 a 1347. Foi odiado por ter banido o culto aos deuses e os egípcios tentaram apagar seu nome da memória nacional. Instituiu o culto ao deus Aton, uma divindade solar, e foi sacerdote em Heliópolis (cidade do Sol). As águas do Nilo inundavam as terras e o calor e a luz do Sol criava a vida em suas margens, propiciando a subsistência daquele povo. A cidade de Heliópolis, que era um conhecido centro de sabedoria na Antiguidade, teria sido visitada por Platão que alimentava a idéia monoteísta. Pois, foi a partir do neo-platonismo que o filósofo judeu Filon de Alexandria aproximou o judaísmo das idéias gregas, não para criar objetivamente o cristianismo, mas numa tentativa de reduzir os atritos entre gregos e judeus em Alexandria. A ciumeira grega recrudesceu por causa do protecionismo da legislação romana, criada por Júlio César em agradecimento ao apoio às pretensões políticas romanas na Judéia, recebido das lideranças judaicas de Antípatro (pai de Herodes) e do sumo sacerdote João Hircano. Involuntariamente, Filon estabeleceu a base filosófica do cristianismo e, praticamente, a idéia de Deus consumida na atualidade. Não obstante, existem pontos de contato entre as crenças judaicas e as egípcias.

“O Prof. Adolf Erman redigiu então o ensaio Em Denkmal memphitischer Theologie92 [Um Monumento da Teologia Menfita], que fixou a data do texto como o início do Antigo Reino, e essa primeira demarcação foi agora confirmada.93 O pedaço de pedra quebrada tinha recebido seu conteúdo literário de um documento anterior "devorado por vermes", que fora copiado, para ser preservado, no século oitavo a.C. por ordem de certo faraó Sabakos. E a razão de toda a agitação quando sua mensagem foi decifrada foi o fato de se considerar que o texto antecipara em dois mil anos a idéia da criação pelo poder da Palavra, que aparece no Livro do Gênese, onde Deus disse 'Faça-se a luz", e a luz foi feita. Ademais, na versão egípcio antiga dessa cena não testemunhada, o ponto de vista (como no relato indiano do Si-Próprio que disse "Eu" e se tornou dois) era Intrínseco à divindade e era psicológico; ou seja, não era, como a versão bíblica, um relato apenas da Seqüência de ordens e seus[pag. 073] efeitos acrescidos do refrão "E Deus viu que era bom".
 No texto de Mênfis do deus-múmia Ptá, somos informados de que foi o coração de Deus que gerou todas as coisas e a língua de Deus que repetia o que o coração tinha pensado: "Toda palavra divina passou a existir pelo pensamento do coração e a ordem da língua." "Quando os olhos vêem, os ouvidos ouvem e o nariz respira, eles se comunicam com o coração. É o coração que concebe tudo e a língua que repete o pensamento do coração. Assim foram criados todos os deuses; mesmo Atum e sua Enéade." (Campbell, p. 89)
Sabidamente os judeus antigos não suportavam os egípcios, no entanto, alguns egiptólogos afirmam que não existem provas do Êxodo. O que percebemos é que os empréstimos eram usuais e as histórias inventadas para serem tomadas como reais, uma vez que a crença tem o poder de catalisar forças internas, como acontece com o catalisador de resina, endurecendo-as diante dos infortúnios. O sucesso do Velho Testamento continua o mesmo de dois mil anos atrás.


O encrati
smo é atribuído a Taciano e não a Menandro.

Caro Christian

Levei algumas décadas pesquisando o assunto cristianismo. Depois de um período de confusão, por falta de método, considerei uma dica preciosa de um historiador cristão muito conhecido no meio, Henri Irénée Marrou. Assim pude avançar finalmente na pesquisa. Aconselhava o professor Marrou que o primeiro passo ao se lidar com a história é fazer uma pergunta ao passado. Então, fiz a minha: porque seguimos os judeus? Ficou parecendo que sou partidário do judaísmo quando o que defendo é a história. Em 2009 publiquei na Internet um resumohttp://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/jcgrego.pdf como um balão de ensaio para ver no que dava. Minha intenção era fortalecer-me com a crítica e continua sendo. Hoje, para mim, esse balão murchou um pouquinho, o tempo passa e ficamos mais críticos com a própria obra. Mas nada, além disso, continuo gostando dela por inteiro.
A bibliografia solicitada está nas últimas páginas. Um truque para se abreviar o tempo numa pesquisa, considerando que a história é orientada pela filosofia do historiador, é selecionar as notícias históricas por assunto no período a ser pesquisado. A montagem de um mapazinho de produção facilita muito. Dá uma idéia muito boa e menos influenciada.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

LEI ELEITORAL LEGITIMA A CORRUPÇÃO NO BRASIL


Construtoras ajudam a eleger 54% dos novos congressistas
07/11/2010
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/poder/826575-construtoras-ajudam-a-eleger-54-dos-novos-congressistas.shtml
Caro Mtnos,
Grato pela comunicação.
Uma coisa a assinalar é que alguns (muitos?) gaiatos participantes das marchas anti-corrupção, protestam contra o financiamento público das campanhas eleitorais.
Embora este seja injusto e favoreça os partidos grandes, se ele for suprimido fica ainda mais acentuado, para não dizer absoluto,  o monopólio do acesso à mídia e ao público por parte dos super-ricos e dos que recebem doações de grandes empresas, inclusive transnacionais. De resto, muitas fazem essas doações em contas no exterior, não havendo necessidade de serem registradas nas declarações dos candidatos submetidas aos TREs e TSE.
Adriano Benayon
Ao lado dos gaiatos que encenam o combate à corrupção existem os ingênuos que acreditam que as empresas financiam campanhas eleitorais por amor ao Brasil.
É dificil imaginar tanta ingenuidade, mas tratando-se na complexa e enigmática natureza humana, tudo é possivel.
Por isso o Banco Itaú foi feito para você e o Pão de Açucar é lugar de gente feliz. Se grandes verbas de propaganda são gastas em bobagens como estas, alguém diria que está aí a prova de que o ser humano gosta (ou melhor, precisa) ser enganado.
M.Calil
 

Métodos que auxiliam na elaboração do trabalho científico.


Metodologia significa estudo dos métodos ou da forma, ou dos instrumentos necessários para a construção de uma pesquisa científica; é uma disciplina a serviço da Ciência. O conhecimento dos métodos que auxiliam na elaboração do trabalho científico.
“Metodologia adquire o nível de típica discussão teórica, inquirindo criticamente sobre as maneiras de se fazer ciência. Sendo algo instrumental, dos meios, não tem propriamente utilidade direta, mas é fundamental para a ‘utilidade’ da produção científica. A falta de preocupação metodológica leva à mediocridade fatal” (Demo, 1995, p. 12).
A atividade da pesquisa necessita de método, mesmo que este seja instrumental, a fim de orientar o pesquisador à construção de quadros teóricos do conhecimento. Demo afirma que “esse instrumento [o método] é indispensável sob vários motivos: de um lado, para transmitir à atividade marcas de racionalidade, ordenação, otimizando o esforço; de outro, para garantir contra credulidades, generalizações apressadas, exigindo para tudo que se digam os respectivos argumentos; ainda, para permitir criatividade, ajudando a devassar novos horizontes” (1995, p. 12).
Na produção científica nem tudo o que se afirma ou se faz tem a mesma solidez. Nas teorias, por exemplo, podemos perceber que alguns enunciados possuem a tessitura de uma tese, significando posturas mais ou menos aceitas. Outros são apenas hipóteses, ou suposições aceitáveis, no sentido de poderem ser argumentadas. Mas há também pontos de partida sem maiores rigores comprobatórios, e mesmo gratuitos, já que não poderíamos arcar com o compromisso de elucidar definitivamente toda e qualquer afirmação (Demo, 1995, p. 12).
Diante dessa exposição de Demo no tocante à produção científica, faz-se necessário esclarecer os vários tipos de pesquisa.

1.1 - Tipos de Pesquisas

  • Pesquisa da Pesquisa : “o produto desse tipo de trabalho reflete-se nos conhecimentos novos obtidos sobre a mesma pesquisa, bem como sua utilidade e efeitos” (ABNT, 1980).
  • Pesquisa para o planejamento : “projetos que visem à avaliação, ao diagnóstico e ao prognóstico dos sistemas, projetos e planos. Essas pesquisas definem os papéis a serem assumidos e as estratégias de ação a realizar” (ABNT, 1980).
  • Pesquisa Instrumental : projetos destinados a introduzir modificações diretas nos conteúdos, procedimentos, tecnologias e meios. É um apoio imediato à inovação de sistemas; seus resultados, procedimentos e meios introduzidos.
  • Pesquisa-ação : “projetos que visem diretamente à realização do processo em uma forma inovadora e geralmente instrumental. A pesquisa aparece como um exercício compartilhado por todos os implicados e chega a confundir-se com um processo de aprendizagem coletiva. Seu resultado é um novo processo iniciado, conhecido e realizado pelos participantes” (ABNT, 1980).
  • Pesquisa Documental, Bibliográfica e Estatística : “projetos cujo enfoque é a análise e a sistematização da informação, considerada como a base e o insumo indispensável para os outros tipos de pesquisa e de tomada de decisões” (ABNT, 1980).
De um modo geral, a pesquisa compreende qualquer atividade criativa e sistemática realizada com o fim de incrementar o acervo do conhecimento científico e o uso deste acervo de conhecimentos para conceber novas aplicações.
Para realizar uma pesquisa de cunho científico é de fundamental importância que o pesquisador tenha uma clara distinção dos diversos tipos de conhecimento e uma sólida fundamentação epistemológica.

 

- CONHECIMENTO

“O fenômeno do conhecimento humano é, sem dúvida, o maior milagre de nosso universo” (Popper, 1975, p. 7).
Popper distingue dois tipos de conhecimento: o conhecimento constituído de um estado de consciência que apenas leva a reagir, e o conhecimento, no sentido objetivo constituído de problemas, teorias e argumentos.
Para Khazraí o conhecimento surge “quando todas as vozes do pensamento científico se interagem nas tendências tumultuosas da afetividade, na sala de aula, no momento do estudo, no laboratório e abre frente aos nossos olhos novas perspectivas infinitas de reflexão, e faz voarem nossos espíritos no firmamento interminável da cognição e da emoção. É nesse ponto que a ciência e o afeto se interagem para dar origem ao que nós chamamos de conhecimento” (1983, p. 2).
Essa é uma forma de conhecimento essencialmente científica, principalmente por ressaltar uma forma sistemática para obter conhecimento, e as discussões científicas, sala de aula, laboratório, são elementos fundamentalmente encontrados nas universidades, institutos de pesquisas etc.
Vale ressaltar que o conhecimento pode ser obtido por diversas formas, ou seja, não apenas pelo método conhecimento científico. Assim, faremos a distinção entre as maneiras encontradas para se obter conhecimento e os tipos de conhecimento.

2.1 - Métodos para Obter Conhecimento

Os métodos conhecidos para aquisição de conhecimentos, ou para compreender a realidade dos fatos, são: sentidos, raciocínio, tradição e autoridade.

2.1.1 - Sentidos

Tudo o que a visão, o audição, o gosto, o olfato, e o tato percebem é compreendido pelos sentidos. ‘Abdu’l-Bahá menciona que “esse foi o método usado pelos filósofos europeus, e era considerado como o método principal para se adquirir conhecimento” (1979, p. 238).

2.1.2 - Raciocínio

É esse o método da compreensão. O pesquisador prova seus objetos de pesquisa pelo raciocínio, adere firmemente às provas lógicas; todos os argumentos são provenientes da observação, leituras, experiências anteriores. Provam-se fatos por argumentos lógicos. Depois de algum período de tempo, o observador revê as mudanças ocorridas no ambiente que o conduziu às primeiras conclusões e por argumentos lógicos negam as conclusões anteriores.
“Platão primeiro provou logicamente a imobilidade e o movimento do Sol, e mais tarde, provou por argumentos lógicos ser o Sol o centro estacionário em volta do qual a Terra se movia. Subseqüentemente, a teoria ptolemaica foi divulgada, vindo, assim, a ser esquecida a idéia de Platão, até que, afinal, um novo observador a ressuscitou. Todos os matemáticos, pois, dissentiram, embora dependessem de argumentos racionais” (‘Abdu’l-Bahá, 1975, p. 238).
Donde se conclui que esse é o método que mais permeia as pesquisas científicas. Os cientistas têm opiniões diferentes porque seus sistemas de valores não são unívocos. O pesquisador deve ter a liberdade para pesquisar suas idéias, seguindo regras, métodos e espírito crítico próprios.

2.1.3 - Tradição

“Tampouco é perfeito este método, porque as tradições são compreendidas pelo, raciocínio. Já que o próprio raciocínio é sujeito ao erro, como pode-se dizer que não errará em interpretar o significado das tradições? É possível que se engane; não se pode atingir a certeza. É este o método dos teólogos” (‘Abdu’l-Bahá, 1975, p. 239).
Também aprendemos por tradição a cura por meio de chás, e normalmente não é questionada a razão dos fatos; assim, podemos afirmar que o conhecimento obtido pelas tradições pode incorrer em dogmas.

2.1.4 - Autoridade

Gil considera a “autoridade oriunda dos pais, professores que descrevem o mundo para as crianças. Governantes, líderes partidários, jornalistas e escritores definem normas e procedimentos que para eles são os mais adequados. E à medida que segmentos da população lhes dão crédito, esses conhecimentos são tidos como verdadeiros” (1994, p. 19-20).
Autoridade é uma palavra que fornece um sentido dicotômico. Pode ser entendida como um vocábulo referente àquele que exerce ou tem poder sobre outrem, ou àquele que domina um determinado campo do conhecimento.
Embora o argumento da autoridade seja parceiro inevitável do científico, mesmo porque o cientista se atribui autoridade, é preciso limitar sua abrangência. Muitas vezes usamos como critério decisivo do científico a maior ou menor adequação ao nosso modo particular de ver o científico. Isso equivale a dizer que, se estivermos de acordo, será científico; do contrário, não. Tal colocação é um equívoco, em todos os sentidos. Se metodologicamente a atividade produz posturas diferentes, é ilógico e injusto rebaixar o ‘diferente’, só porque nos é adverso, ao ‘não-científico’ (Demo, 1995, p. 42-43).
Muitas vezes se procura citar os autores que representam maior autoridade em determinado ramo do conhecimento, em decorrência do respeito, do domínio do conhecimento. Também, por não compartilharmos de determinada idéia ou corrente filosófica não deveríamos desconsidera-las. Uma das limitações desse método é o pesquisador ficar restrito ao conhecimento da autoridade.
“O apelo ao argumento da autoridade sempre aparece e pode mesmo ser o decisivo. O apelo a ele não pode ser visto apenas como infantilismo científico, porque é condição normal social da atividade científica” (Demo, 1995, p. 42-43).

2.2 - Tipos de Conhecimento

Normalmente, os metodólogos [Gil, Trujillo Ferrari, Lakatos & Marconi] apresentam quatro classificação do conhecimento, a saber: popular, religioso, filosófico e científico.
Iudícibus (1997b, p. 68), apresenta um quadro sintético desses conhecimentos:
Conhecimento PopularConhecimento Religioso
valorativovalorativo
reflexicoinspiracional (dogmático)
assistemático
verificável
sistemático
não-verificável
falívelinfallível
inexatoexato
Conhecimento FilosóficoConhecimento Científico
valorativoexplorativo
racional (lógico)racional-contingencial
sistemáticoassistemático
não-verificávelverificável
infalívelfalível
exatoaproximadamente exato

2.2.1 - Conhecimento Popular

O conhecimento popular é assistemático e é conferido pela familiaridade que se tem com os objetos, geralmente é aquele conhecimento adquirido no meio familiar. “Esse conhecimento é resultado de suposições e de experiências pessoais. Portanto, e informação íntima, porém não sistematizada, desde que não foi suficientemente refletida para ser reduzida a uma formulação geral. De modo que tais experiências não podem ser transmitidas fácil e compreensivelmente de uma pessoa para outra. Assim, pelo conhecimento familiar, as pessoas sabem que água é um líquido; mas, não compreender como se origina e qual é a sua composição molecular, assunto que já corresponde ao domínio da ciência” (Trujillo Ferrari, 1982, p. 6).
No exemplo da água, dado por Trujillo Ferrari, é mencionado que não se pode compreender sua origem, acreditamos que nesse nível de conhecimento [popular] não há preocupação com a origem dos fatos de uma forma geral, visto que apresenta como características valorativas, assistemáticas, falível, inexato, entre outras.

2.2.2 - Conhecimento Religioso

As crenças religiosas costumam constituir fontes privilegiadas de conhecimento, e por se tratar do conhecimento do Ser superior, sobrepõem-se a qualquer outra forma. Bahá’u’llah, o fundador da “Fé Bahá’í”, afirma que: “A origem de toda erudição é o conhecimento de Deus - exaltada seja a Sua glória - e este só será atingido através do conhecimento de Seu Manifestante Divino” (1983, p. 175).
De acordo com a visão “Bahá’í”, o verdadeiro conhecimento é alcançado quando se permite pesquisar sem preconceitos os livros sagrados que emanam dos manifestantes divinos, tais como Cristo, Moisés, Maomé, Buda Krishna, e outros.
Analisando o conhecimento religioso pela comunidade científica apontaremos a definição de Trujillo Ferrari.
O conhecimento religioso ou, mais propriamente dito, conhecimento teológico, implica na crença de que as verdades tratadas são infalíveis, por serem reveladas pelo sobrenatural. É um conhecimento sistemático do mundo como obra de um criador divino e cujas evidências não são verificadas. Neste caso, a adesão do crente é um ato de fé. Enquanto que na ciência a verdade a ser atingida é falível e se sustenta em teorias que podem ser substituídas por outras mais efetivas ou válidas, o conhecimento religioso se apóia na doutrina que contém proposições sagradas (1982, p. 6).
Khazraí, citando ‘Abdu’l-Bahá, afirma que “não há contradição entre a verdadeira religião e a ciência. Quando a religião se opõe à ciência, ela não passa de mera superstição: o que é contrario ao conhecimento, é ignorância” (1987b, p. 28).
Quando houver acordo entre a ciência e a religião, a disputa entre o dogmatismo e o pragmatisno, empirismo e racionalismo o fim da disputa entre esses -ismos, possivelmente teremos cientistas menos materialistas e teólogos menos fanáticos.

2.2.3 - Conhecimento Filosófico

“Em filosofia é permitido e usual colocar antecipadamente hipóteses que não podem ser submetidas ao crucial teste da observação. As hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência; portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação. Daí, a verificação dos enunciados filosóficos não serem confirmados nem refutados, o que não ocorre com as hipóteses dentro do campo de ciência“ (Trujillo Ferrari, 1982, p. 7).
A partir desse ponto de vista verifica-se que o conhecimento filosófico advém da observação - formulação de hipóteses - e a experimentação - verificação da hipótese.
Gil considera que “os filósofos proporcionam importantes elementos para a compreensão do mundo. Em virtude de se fundamentar em procedimentos racional-especulativos, os ensinamentos dos filósofos têm sido considerados como dos mais válidos para proporcionar o adequado conhecimento do mundo” (1995, p. 20).
Vimos, assim, que o conhecimento folosófico vai da observação à experimentação, sendo, portanto, valorativo, racional, sistemático, não-verificável, infalível, exato.
Iudícibus afirma que o conhecimento filosófico [...]“é aproximadamente exato (pelo menos nas ciências não-matemáticas), no sentido de que, por trabalhar com modelos, estes não têm a possibilidade de escolher todas as variáveis, principalmente nas ciências sociais” (1997, p. 68).

2.2.4 - Conhecimento Científico

Esse tipo de conhecimento se distingue dos demais tipos apresentados, visto que oferece a verificação do fato pesquisado, é falível e sistemático.
A ciência se preocupa em estabelecer as propriedades e os padrões interdependentes entre as propriedades, para construir as generalizações ou as leis. Não se duvida, entretanto, que muitas das disciplinas científicas existentes têm surgido das preocupações práticas da vida cotidiana, como a geometria dos problemas de medição e relevantamento topográfico nos campos; a mecânica de problemas apresentados pelas artes arquitetônicas; a biologia dos problemas humanos [...] (Trujillo Ferrari, 1982, p. 6).
A pesquisa científica deve ser orientada para remover barreiras e procurar resolver ou apresentar soluções para os problemas sociais, econômicos, políticos e científicos.
Conforme Lakatos & Marconi, “a logicidade da ciência manifesta-se através de procedimentos e operações intelectuais que:
  • possibilitam a observação racional e controlam os fatos;
  • permitem a interpretação e a explicação adequada dos fenômenos;
  • contribuem para a verificação dos fenômenos, positivados pela experimentação;
  • fundamentam os princípios da generalização ou o estabelecimento dos princípios e das leis (1995, p.21).
Para pesquisar ou elaborar um conhecimento científico, tornam-se necessário os seguintes pontos:
  • construir o objeto de pesquisa;
  • elaborar as hipóteses ou questões de pesquisa;
  • traçar os objetivos para testar as hipóteses ou responder as questões elaboradas;
  • apresentar as conclusões alcançadas.
Conforme o exposto, o conhecimento científico é estruturado, limitado e utilizam-se modelos, verificáveis, falíveis, aproximadamente exatos, como foi caracterizado por Iudícibus. Concluímos que as verdades científicas são provisórias.

- MÉTODOS DE PESQUISA

Métodos é o conjunto de regras e procedimentos adotados para realizar um pesquisa. A escolha do método de pesquisa depende da natureza da pesquisa.

3.1 - Desenvolvimento Histórico do Método

Apresentaremos o desenvolvimento histórico do método de pesquisa, de acordo com Lakatos & Marconi.
“Somente no século XVI é que se iniciou uma linha de pensamento que propunha encontrar um conhecimento embasado em maiores garantias, na procura do real. Não se buscam mais as causas absolutas ou a natureza íntima das coisas; ao contrário, procuram-se compreender as relações entre elas, assim como a explicação dos acontecimentos, através da observação científica aliada ao raciocínio” (1995, p. 41).
As autoras apresentam diversos outros autores que desenvolveram o método científico.

3.1.1 - Método de Galileu Galilei

O primeiro teórico do método experimental. Os principais passos de seu método podem ser assim expostos:
  • observação dos fenômenos;
  • análise dos elementos constitutivos desses fenômenos, com a finalidade de estabelecer relações quantitativas entre eles;
  • indução de certo número de hipóteses, tendo por fundamento a análise da relação desses elementos constitutivos dos fenômenos;
  • verificação das hipóteses aventadas por intermédio de experiências (experimento);
  • generalizações do resultado das experiências para casos similares.
  • confirmação das hipóteses, obtendo-se, a partir dela, leis gerais (1995, p. 42).

3.1.2 - Método de Francis Bacon

[Bacon] “critica Galileu e Aristóteles por considerar que o processo de abstração e o silogismo (dedução formal que, partindo de duas proposições, denominadas premissas, delas retira uma terceira, nelas logicamente implicada, chamada conclusão) não propiciam um conhecimento completo do universo.
Sendo o conhecimento científico o único caminho seguro para a verdade dos fatos, deve seguir os seguintes passos:
  • experimentação;
  • formulação de hipóteses;
  • repetição - os experimentos devem ser repetidos em outros lugares ou por outros cientistas, tendo por finalidade dados que, por sua vez, servirão para a formulação de hipóteses;
  • testagem das hipóteses;
  • formulação e generalizações de leis (Lakatos & Marconi 1995, p. 42-43).

3.1.3 - Método de Descarte

Ao lado de Galileu e Bacon, no mesmo século, surge Descarte. Com sua obra Discurso sobre o Método, afasta-se dos processos indutivos, originando o método dedutivo. Para ele, chega-se à certeza através da razão, princípio absoluto do conhecimento humano. Postula quatro regras:
  • a da evidência;
  • a da análise;
  • a da síntese;
  • a da enumeração (Lakatos & Marconi 1995, p. 44).

3.1.4 - Método de Bunge

Para Bunge o método científico é a teoria da investigação. Esta alcança seus objetivos, de forma científica, quando cumpre ou se propõe a cumprir as seguintes etapas:
  • descobrimento do problema;
  • colocação precisa do problema;
  • procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema;
  • tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados;
  • invenção de novas idéias;
  • obtenção de uma solução;
  • investigação das conseqüências da solução obtida;
  • prova (comprovação) da solução;
  • correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da solução incorreta” (Lakatos & Marconi, 1995, p. 46).
Esses vários métodos de pesquisa apresentados por LaKatos & Marconi podem ser resumidos em dois: indutivo e dedutivo.
O indutivo parte de observações particulares para fazer generalizações. Ao passo que o dedutivo parte de observações gerais e dessas generalizações chega a conclusões particulares.
Salmon (1979, p. 30-31) apresenta algumas características que distinguem os métodos indutivos e dedutivos.
DEDUTIVOINDUTIVO
  • Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira.
  • Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente verdadeira, mas não necessariamente verdadeira.
  • Toda a informação ou conteúdo fatual da conclusão já estava, pelo menos implicitamente, nas premissas.
  • A conclusão encerra informação que não estava, nem implicitamente, nas premissas.
Denota-se que a marca da indução é a argumentação, enquanto que a da dedução é a observação. Assim, uma pesquisa pode usar os dois métodos simultaneamente; dependerá da forma que a pesquisa foi ou está estruturada.

- ABORDAGENS METODOLÓGICAS

Uma vez que foram abordadas as formas de obter conhecimentos, e feita a distinção entre essas e os tipos de conhecimentos, bem como foram analisdos os métodos de pesquisa, consideramos oportuno apresentar os diversos modos de abordar uma teoria. Neste trabalho consideraremos o Positivismo, o Empirismo, a Dialética, como formas de abordar uma teoria e não como método de pesquisa.

4.1 - Abordagem Positivista

Antes de apresentarmos as características do Positivismo, cremos oportuno abordar os aspectos filosóficos dessa escola. Daremos maior ênfase nessa abordagem devido à importância que lhe é conferida pelos grandes teóricos contábeis [Hendrksen & Van Breda; Watts &Zirmmerman; Belkaoui].
São três os estados básicos que caracterizam a Positivismo: o teológico, o metafísico e o positivismo. Comte, o fundador do positivismo, considera esses estados presentes no desenvolvimento do espírito humano e em todas as ciências.
No estado teológico as observações dos fenômenos são ausentes, razão pela qual a imaginação desempenha papel importante. O universo é muito complexo, e diante dessa complexidade o homem só consegue explicação “mediante a crença na intervenção de seres pessoais e sobrenaturais. Segundo Comte, a mentalidade teológica visa a um tipo de compreensão absoluta; o homem, nesse estágio de desenvolvimento, acredita ter posse absoluta do conhecimento” (Pensadores, 1981, p. X).
metafísico tem a mesma finalidade do teológico “explicar a ‘natureza interna’ das coisas, sua origem e destinos últimos, bem como a maneira pela qual são produzidas. A diferença reside no fato de a metafísica colocar o abstrato no lugar do concreto e a argumentação no lugar da imaginação” (Pensadores, 1981, p. XI).
Comte caracteriza o estado positivo pela observação, tanto que “cada proposição enunciada de maneira positiva deve corresponder a um fato particular, ou seja universal. Isso não significa, porém, que Comte defende o empirismo puro, ou seja, a redução de todo conhecimento à apreensão exclusiva de fatos isolados” (Pensadores, 1981, p. XI).
Na perspectiva positivista os fenômenos existem de per si, cabe ao pesquisador observar os fenômenos existentes utilizando alguns dos métodos da ciências exatas, a fim de descrever as conclusões alcançadas.
No Positivismo tenta-se transpor o método das ciências exatas ao das ciências sociais. Isto é, busca-se quantificar as variáveis observados, nas pesquisas sociais, a fim de reduzir o grau de subjetividade envolvida nessas pesquisas.
A descrição da realidade por meio dos números não significa a exclusão de uma visão qualitativa. A descrição quantitativa permite uma percepção empírica, ou a utilização de modelos para revelar os resultados.
Faleiros supõe “que se a experiência não é permitida, a Ciência também não o será. O universo em que se dá a experiência é limitado e definido pelas relações de poder. As experiências permitidas são aquelas que não contestam, não questionam a sociedade. Essa forma de conhecer, como diz Marcuse, não implica um novo modo de ‘ver’. Esse modo de ver é quantitativo, isolado e de forma parcializada” (1993, p. 63).
As afirmações de Faleiros enfatizam os aspectos quantitativos e também a utilização de modelos.
Segundo Martins, as pesquisas consideradas positivistas utilizam fundamentalmente como técnica de investigação os estudos descritivos. Isto é, buscam a descrição das características de determinada população ou fenômeno, bem como o estabelecimento de relações entre variáveis e fatos. O tratamento de dados é realizado com o uso de técnicas estatísticas e, geralmente, a validação do resultado é apoiada apenas nos níveis estatísticos de significância. A concepção é entendida como a relação entre variáveis dependentes e independentes (1997, p. 8).
Resumindo o Positivismo considera:
  • a existência de fenômenos;
  • a utilização de modelos matemáticos;
  • a observação;
  • o empirismo, mas não somente empirismo puro.
Nós pesquisadores considera modelos, então poderíamos utilizar modelos de simulação hipotéticos, e não estaríamos em desacordo coma a metodologia, até porque esta considera o método dedutivo-hipotético.
Entendemos que o Positivismo, enquanto abordagem teórica, leva em consideração a existência dos fenômenos, a observação, a utilização de números às variáveis e procura explicar as relações existentes nos fenômenos observáveis.
A quantificação de variáveis está bastante presente na determinação do valor do patrimônio, e, portanto, nas mensurações contábeis.
“A mensuração contábil tradicionalmente significa uma relação de valores numéricos para objetos e eventos relacionados à empresa, de tal modo que são convenientemente agregados (tal como a avaliação do ativo) ou liquidados numa situação específica” (Hendriksen, 1982a, p. 75).
Kan (1986) ilustra a subjetividade do valor no seguinte exemplo: que valor tem para determinado indivíduo o fato de cursar uma faculdade e qual o custo do curso? O custo da educação é o sacrifício econômico que fez durante os anos de faculdade, enquanto o valor está relacionado com os benefícios futuros.
Podemos ainda observar a subjetividade, no processo de atribuir valor aos bens: “O simbolismo contábil que integra as mensurações de ativos, passivos, receitas e despesas implicitamente possui as características de avaliação. E o valor de um bem, para um determinado indivíduo, pode ser maior do que o seu valor de troca, por várias razões: por questões de estima, por necessidade, por escassez, por simbologias culturais, religiosas etc.” (Barbieri, et alii, p.2).
Em geral, encontramos na Contabilidade diversas alternativas de avaliação de ativos a valores de entrada e de saída. Para tanto, partimos do pressuposto de que a entidade trabalha com dois mercados: a) um, onde a empresa compra seus ativos - valores de entrada; b) outro, onde a empresa vende os seus ativos - valores de saída.
“As principais alternativas de avaliação a valores de entrada são: custo histórico, custo histórico corrigido, custo corrente, custo corrente corrigido custo futuro de reposição, custo ou mercado dos dois o menor” (Nélo, 1996, p. 21).
Segundo Iudícibus (1993b, p. 181), “existem três tipos principais de avaliação a valores de saída: recebimentos descontados de caixa, preços correntes de venda e valores realizáveis líquidos”.
Sem, portanto, entrar no mérito dessas metodologias que podem ser usadas para atribuir valores às variáveis ou componentes que integram o patrimônio de determinada entidade, sabemos que as práticas atuais adotam a avaliação com base no custo histórico. No Brasil, já se usou o custo histórico corrigido. Assim, diante de várias alternativas para avaliar os ativos, podemos afirmar que temos paradigmas geralmente aceitos para avaliar o patrimônio.

4.2 - Abordagem Empírica

“O método experimental consiste essencialmente em submeter os objetos estudados à influência de certas variáveis, em condições controladas e conhecidas pelo investigador, para observar os resultados que a variável produz no objeto. Não constitui exagero que boa parte dos conhecimentos obtidos nos últimos três séculos se deve ao emprego do método experimental” (Gil, 1995, p. 35).
O empirismo está presente no Positivismo; de acordo com Comte,o terceiro estágio do Positivismo é a observação e esta deve ser submetida a testes empíricos.
Para Demo (1995, p. 133), “dentro do contexto clássico das ciências sociais tem grande relevância a discussão sobre a base empírica e a marca formal da cientificidade, cuja aproximação e mesmo imitação das ciências naturais são notórias, para não dizer típicas. Em termos quantitativos, as ciências sociais já dispõem de bagagem apreciável da pesquisa empírica e, por mais que tenham vícios, limitações e também mistificação, é um produto de particular significado metodológico”.
É comum na Contabilidade pesquisas em que se constrói uma empresa hipotética, para simular mediante modelos numéricos diversas formas de avaliação e verificar os possíveis resultados, desde que em tais simulações considerem-se variáveis de mercado, como: juros, inflação ou deflação etc. Esse modo de pesquisar está em consonância com o método hipotético-dedutivo.
Apresentaremos algumas das técnicas de pesquisas que podem ser adotadas para essa abordagem. As pesquisas consideradas empiristas são orientadas por delineamentos experimentais ou quase-experimentais com uso de pré-teste e pós-teste da amostra. Utilizam testes estatísticos de igualdade de médias e análise de variância para verificar hipóteses estatísticas que geralmente, coincidem com as hipóteses da própria pesquisa. A validação dos resultados dá-se pelo nível de significância nos testes estatísticos e pelas condições do experimento (Martins, 1997 p. 8).

4.3 - Abordagem Dialética

Abordagem de pesquisa mais utilizada na área social. Demo justifica que há maior aplicação nas Ciências Sociais do que nas pesquisas naturais, isto porque estas últimas são destituídas do fenômeno histórico subjetivo.
“Nem por isso deixará de conviver com estruturas da lógica, pelo que faz sentido falarmos de lógica dialética. Dizíamos que entre as realidades natural e social há diferença suficiente, não estanque. Entretanto, para além das condições objetivas, a realidade social é movida igualmente por condições subjetivas, que não são nem maiores, nem menores” (Demo, 1995, p.88).
Demo esclarece que é preciso deixar claro que na dialética não há uma mesma interpretação; ao afirmar que “não existe ‘a’ [sic] a dialética como se todos os dialéticos formassem um exército com a mesma roupa e as mesmas armas. Este fenômeno seria muito pouco dialético. Na prática encontramos não só dialéticas diferentes, divergentes, mas até mesmo contraditórias, como em qualquer campo metodológico” (1995, p. 88)
Martins caracteriza os tipos de estudo em que se pode dar uma abordagem dialética.
“Nos estudos que utilizam técnicas bibliográficas e históricos com pesquisas de textos, documentos, registros e dados empíricos, priorizando a análise do discurso. Enquanto as categorias básicas da concepção positivista fundam-se na linearidade, harmonia, fatos aistoricidade etc. a concepção materialista histórica - apóia-se nas categorias de totalidade, contradição, mediação, ideologia, práxis etc. (1997, p. 9).
O esquema básico que consagra a dialética é a trilogia tese, antítese e síntese. Para ilustrar melhor essa trilogia apresentaremos um artigo de Wellington Rocha que aborda o “Enfoque dialético do custeio baseado em atividades”.
Desse trabalho apresentaremos apenas a trilogia tese, antítese e síntese.
Tese - custos fixos não devem ser alocados aos produtos porque não são custos dos produtos e sim da estrutura empresarial.
Antítese - todos os custos existem no pressuposto de que a empresa possa produzir bens e serviços; logo, esses bens e serviços devem absorver todos os custos. É o custeio por absorção, consagrado por princípios contábeis e por legislação da maioria dos países.
Síntese - alguns custos são, de fato, estruturais, e não estão diretamente associados a produtos ou clientes; logo, seria arbitrário alocá-los a qualquer outro objeto de custeio que não a própria empresa como um todo. Turney denominou esse tipo de atividade de plant sustainingactivities e admitiu a possibilidade de não atribuir seus custos a produtos ou clientes. (1997, p. 40-41).

- A METODOLOGIA NA PESQUISA CONTÁBIL.

Já mencionamos no início deste trabalho que a metodologia é uma disciplina a serviço da pesquisa, não vamos encontrar uma metodologia específica para a Contabilidade, vamos encontrar sim abordagens que sejam mais adequadas para a Contabilidade.
Dentre as abordagens apresentadas, vemos uma tendência maior para a positivista.
Segundo vários autores, quando se define uma teoria, logo se lembra de que podem existir duas abordagens principais: a normativa e a positiva (por alguns autores denominada descritiva).
Simplificando, a abordagem positiva procura entender e explicar primeiro, e predizer depois, as práticas efetivamente em uso, ao passo que a abordagem normativa procurará prescrever (como uma receita) as práticas que deveriam ser utilizadas. Até início da década de 60, praticamente todos os principais autores de teoria da Contabilidade professavam a abordagem normativa, sendo esta ainda preferida por alguns autores modernos, bem como a utilizada pelos órgãos normativos da profissão (entretanto, estes podem ser assessorados por pesquisadores, os quais poderão empregar, eventualmente, a abordagem positiva) (Iudícibus, 1996c, p. 22-23).
Hendriksen & Van Breda consideram a teoria contábil como uma linguagem de negócios. Estes autores classificam a Teoria contábil da seguinte forma: como Linguagem, como Raciocínio e como “ Script” (grifo nosso).
  • Linguagem: está subdividida em três aspectos, pragmático, semântico e sintático.
  • Pragmático - refere-se ao efeito da linguagem; poderíamos entender como o efeito que a informação tem para o usuário.
  • Semântico - é o significado da linguagem; pode-se admiti-lo como o significado da informação para o usuário da contabilidade.
  • Sintático - refere-se à lógica teórica. Do ponto de vista gramatical, a sintaxe “é a parte da gramática que tem por objeto estabelecer as relações entre as frases com o fim de exprimir as relações existentes entre os pensamentos”(Aulete, 1985).
  • Seguindo as nossas interpretações entre a teoria e o usuário, poderíamos entender até que ponto as informações exprimem o valor da empresa? Ou até que ponto a forma que o contador apresenta as informações contábeis atendem a seus usuários?
  • Teoria como Raciocínio - Hendriksen e Van Breda relacionam a teoria com a aplicação dos métodos de pesquisas indutivo e dedutivo, já apresentados no item 3 deste trabalho.
  • Teoria como Sript - relaciona a teoria contábil com as abordagens normativas e positivas. A teoria positiva está voltada para o modo de como as informações financeiras são comunicadas e apresentadas para os usuários; enquanto a normativa está relacionada com a forma que os dados poderiam ser trabalhados, numa perspectiva mais descritiva.
No caso da Contabilidade, quando se diz que uma teoria deveria ser capaz de melhorar, sob um duplo aspecto, o entendimento de como funciona..., limitando-se à explicação do duplo aspecto, quer-se afirmar o seguinte:
  • segundo Ross. L, Watts e J.L. Zimmerman, o objetivo da teoria contábil, pelo menos do enfoque denominado de positivo (a antítese do normativo) ou descritivo, é explicar, primeiro, e predizer, depois, a prática contábil...
  • segundo Ahmed Belkaoui... ‘a teoria pode ser definida como um conjunto de conceitos que permite apresentar uma visão sistemática dos fenômenos analisados, através da especificação das relações entre as variáveis, com o propósito de explicar e predizer o comportamento do fenômeno... ( Iudícibus, 1996c, p. 21-22).
Entendemos que o fator determinante para enquadrar a Teoria Contábil como positivista, dialética, empírica [....] dependerá essencialmente da forma que a pesquisa for estruturada, bem como da utilização dos métodos de pesquisa.
No que tange aos usuários, os pesquisadores devem buscar a estes mais esclarecimentos no âmbito teórico.

- CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

A pesquisa contábil deve ser estruturada usando-se as abordagens metodológicas, quer seja positiva, empírica, dialética. A metodologia lança o desafio concreto da procura dos caminhos para comprovar aquilo que em princípio julgamos ser científico.
A linguagem a ser usada num trabalho científico deve emergir do denominador comum do mundo coloquial (conhecimento popular), difuso, útil, quase inconsciente, para elevar-se em linguajar erudito, acadêmico, claro e coerente. Se cremos que determinadas afirmações não são verdadeiras, devemos saber comprovar essa crença.
É necessário aprofundar-se na literatura existente sobre o tema escolhido para a pesquisa, que é a condição básica e fundamental para sistematizar a pesquisa tanto em seus aspectos metodológicos quanto nos objetivos almejados. A metodologia deve levar a pessoa a refletir seriamente sobre a construção do seu objeto de pesquisa.
A adoção de métodos e abordagens de pesquisa deve ser caracterizada de acordo com o enfoque a ser conferido na própria pesquisa. Pode ocorrer caso em que o investigador se utilize dos métodos: indutivo e dedutivo, usar uma abordagem positivista e ao mesmo tempo empírica. Se considerarmos o positivismo nas suas bases filosóficas, a recomendação é para utilizar números e modelos para simulações, sem que o pesquisador tenha necessariamente de ir a campo. Por exemplo, alguém que crie modelos para depreciação não vai esperar vinte anos até que o bem se deprecie para concluir a sua pesquisa, pois poderá estar utilizando modelos matemáticos para explicar o estudo.
Também é interessante que o pesquisador tenha uma visão antimetodológica a fim de que os métodos e as várias abordagens não se tornem um entrave para si mesmo.
Não podemos valorizar a forma em detrimento da essência.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

AULETE, Caldas. Dicionário contemporâneo da língua portuguesa. Rio de Janeiro, Delta S. A, 1985.
BAHA BAHA, ‘Abdu’l. O esplendor da verdade. São Paulo. ed. Bahá’í, 1979.
BAHÁ’U’LLÁH. Epístolas de Bahá’u’lláh. São Paulo, ed. Bahá’í, 1983.
CHAMBERS, Raymond J. Accounting, evaluation and measurement behavior. Texas, Scholars Book, 1966.
DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. 3ª ed, São Paulo, Atlas, 1995.
FALEIROS, Vicente de Paula. Metodologia e ideologia do trabalho social. 8ª ed, São Paulo, Cortez, 1993.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário aurélio escolar da língua portuguesa. São Paulo, Nova Fronteira, 1988.
GIANNOTTI, José Arthur & LEMOS, Miguel. Curso de filosofia positiva - discurso preliminar sobre o conjunto do Positivismo. INComte - PENSADORES . 5ª ed.,. São Paulo, Nova Cultura, 1991.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnica de pesquisa social. 4ª ed., São Paulo, Atlas, 1995.
HENDRIKSEN, Eldon & BREDA, Van Accounting theory. 5ª ed., Illinois, Irwing, 1992.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Conhecimento, ciência, metodologias científicas e contabilidade. INRevista Brasileira de Contabilidade. Ano XXVI - No. 104 Março/Abril de 1997a.
______________. Teoria da contabilidade. 3 a. ed., São Paulo, Atlas, 1993b.
______________.O verdadeiro significado de uma teoria. IN Revista Brasileira de Contabilidade. Ano XXV - Nº . 97 jan/fev de 1996c.
LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 2 a. ed., São Paulo, 1995.
KAM, Vernon. Accounting theory. Caligornis, Jonh Willey & Sons, 1986.
KHAZRAÍ, Houshang. Relatórios de atividades. EDUFMA, 1983a. [Trabalho não-publicado].
______________. Paz mundial na era nuclear. São Paulo ed. Bahá’í, 1987b.
MARTINS, Gilberto de Andrade. Abordagens metodológicas em pesquisas na área de Administração. IN Revista de Administração. São Paulo, v. 32, nº 3, jul/set/1997.
MORAES FILHO, Evaristo de & FERNANDES, Florestan. Comte - Sociologia . 3ª ed., São Paulo, Ática, 1989.
POPPER, Raimond. Conhecimento objetivo. São Paulo, EDUSP, 1975.
ROCHA, Welington. Enfoque dialético do custeio baseado em atividades. IN Revista de Contabilidade do CRC-SP. Ano I nº. 2 - Jul/1997.
TRUJILLO FERRARI, Afonso. Metodologia da pesquisa científica. São Paulo, McGraw-Hill,1982.
Religião fundada no Irã, em 1844, que tem como princípios fundamentais: a independente pesquisa da verdade; um idioma universal ; harmonia entre ciência e religião; direitos iguais para homem e mulher, religião progressiva; eliminação do preconceito de raça, cor e nacionalidade etc.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

PROPOSTA DE JOSÉ LOPES FILHO* PARA A REFORMA POLITICA DO POVO:

AOS JOVENS BRASILEIROS QUE ORGANIZAM MOVIMENTOS DE PROTESTO CONTRA A CORRUPÇÃO
GRANDE PARTE DA CORRUPÇÃO NESTE PAÍS SE DERIVA DE NOSSO ULTRAPASSADO SISTEMA POLÍTICO, ELEITORAL, PARTIDÁRIO QUE PRODUZ UM PODER LEGISLATIVO DEFASADO POR NORMAS DE UMA CONSTITUIÇÃO C/23 ANOS DE VIGÊNCIA E COMANDADO POR 2/3 DE POLÍTICOS PROFISSIONAIS, OLIGARCAS, INCOMPETENTES, PREGUIÇOSOS, E ATÉ CORRUPTOS JÁ COMPROVADOS. COMO BEM SE EXPRESSOU CRISTINE MAZA: POLÍTICOS E PARTIDOS ESTÃO TODOS ENVOLVIDOS COM A CORRUPÇÃO. PORTANTO, ESTA É UMA LUTA DA SOCIEDADE.
SEM UMA REFORMA POLÍTICA VERDADEIRA A SER CONQUISTADA ATRAVÉS DE UMA CONSTITUINTE ESCLUSIVA, QUE TERIA SUA VIGÊNCIA SOMENTE NA LEGISLATURA DE 2015/2018, NÃO IRMOS A LUGAR NENHUM. NÃO É SUFICIENTE FAZER MARCHAS, PROTESTOS E GRITAR.
E COMO OS ORGANIZADORES DE PROTESTOS DEVEM REAGIR PARA COMBATER A CORRUPÇÃO NO PODER LEGISLATIVO?
RESPOSTA: SUGERIMOS, QUE OS MOVIMENTOS MOBILIZEM A SOCIEDADE NÃO SOMENTE COM PROTESTOS MAS, PRINCIPALMENTE FAZENDO CHEGAR AO COMPUTADOR DE CADA ELEITOR BRASILEIRO MENSAGENS COMO ESTA, INCITANDO-O A ENVIAR O MANIFESTO QUE REIVINDICA UMA REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA. VISITE O NOSSO SITE www.mplmpl.org, clique em MANIFESTO 2011 - Enviar.
MPMPL
Movimento Popular pró-Moralização do Poder Legislativo
Associação política, apartidária, independente.
Juíz de Fora - MG Tel:   (32) 3232-3546
Site www.mpmpl.org contato@mpmpl.org
CNPJ-02.571.202/000/1-19
*JOSÉ LOPES FILHO, 94 anos, é presidente do MPMPL, e ex-auditor-fiscal

O nível de vida no Brasil tem melhorado?


Adriano Benayon * – 22.08.2011
Embora se apregoe que o nível de vida no Brasil tem melhorado, não é isso que decorre das próprias estatísticas oficiais. Conforme os dados do IBGE, o rendimento médio do trabalho principal, efetivamente recebido, foi R$ 1.271,07 em novembro de 2007. Três anos e meio depois ele alcançou R$ 1.562,70.
2. Houve melhora? Não, ao contrário: corrigindo-se a inflação, conforme o INPC (Índice Nacional dos Preços ao Consumidor) do IBGE,  o valor de novembro de 2007, significa R$ 1.567,30,  ou seja, quantia maior que a de maio de 2011,  em face da inflação de 23,33% no período.
3. Como o salário mínimo tem tido elevações anuais por decreto, os dados acima implicam também o achatamento dos salários e a deterioração das condições de barganha dos assalariados no mercado de trabalho. Ora, isso ou desmente as estatísticas segundo as quais houve expressiva  elevação da produção, ou significa que os ganhos de produtividade não têm sido repassados aos trabalhadores, fluindo só como lucros para as empresas, especialmente as de grande porte. 
4. Aumentando o período de comparação, os rendimentos médios em 2003 eram R$ 914,74 a preços de então. Aplicando-se o índice de correção, conforme o INPC, de janeiro de 2004 a maio de 2011, ou seja, 48,76%, eles significam R$ 1.360,80 em valor atualizado. Portanto, teria havido melhora de 15,2% nesse período.
5.  Se fizermos, porém, a correção de acordo com o IGP-DI (Índice Geral de Preços, Disponibilidade Interna), calculado pela FGV, ela é de 76,57%, e a quantia de 2003 significará R$ 1.615,16 em valor atualizado, superior. portanto, aos R$ 1.562,70, da presente média.
6. É, pois, razoável considerar que os rendimentos do trabalho estão praticamente estagnados desde 2003, ou seja, ao longo dos governos petistas. Isso resultou de: a) piora no começo, atribuível em boa parte à deterioração estrutural causada pelos dois mandatos de FHC; b) recuperação de 2004 a 2007; c) queda depois disso.
7.  De qualquer forma, não resta dúvida de que os trabalhadores continuam a ter agravada sua situação, enquanto os dados do PIB crescem sob o modelo concentrador, o qual, ademais subsidia a extração, com destino ao estrangeiro, dos recursos naturais do País.
8. Isso fica ainda mais claro levando em conta dados da PNAD (Pesquisa Nacional de Domicílios) do IBGE: houve queda de 7,4% do rendimento médio real dos trabalhadores de 2002 para 2003. E esse rendimento não evoluiu positivamente desde 2003.

9. Se se quiser remontar a prazo mais longo, abrangendo  a época lamentável da tucanagem (FHC),  as estatísticas do  IBGE apontam que de 1996 a 2002, o rendimento médio real do trabalho teve queda real de 11,4%.
10. Combinando esses dados com os de 2002 a 2003, resulta perda real  de 18,8%, acumulada de 1996 a 2003.  Assim, apesar da recuperação 15,2% de 2003 a maio de 2011, ainda resta queda de 6,2% nos últimos quinze anos (1996 a 2011).
11. Na realidade, o percentual de queda terá sido bem maior, porquanto a atualização monetária do IBGE adota índices de preços ao consumidor, que subestimam a verdadeira inflação dos preços.
12. Esse histórico nada favorável denuncia a falsidade da propaganda sistêmica. É em cima dele que estamos no limiar de novo afundamento na depressão mundial e do estouro na bolha de crédito no Brasil, duas realidades que se conjugarão para gerar a próxima crise das contas externas nacionais.
13. Mesmo nestes últimos anos - em que as commodities exportadas pelo Brasil tiveram apreciável valorização e grande aumento na quantidade remetida ao exterior – os assalariados em seu conjunto tiveram perdas em seu poder aquisitivo, enquanto os bancos e grandes empresas, especialmente as transnacionais, obtiveram lucros fabulosos.
14. Que esperar, pois, para os próximos meses e para os anos vindouros, que se devem caracterizar por abalos socioeconômicos nunca antes vistos?
15. Embora seja suficiente o que dissemos sobre os rendimentos do trabalho, vale notar que, também do ponto de vista do emprego, a situação não corresponde ao que diz a grande mídia. Isso pode ser verificado pelo altíssimo número de dispensas, como apontou o jornalista Pedro do Coutto (Tribuna da Imprensa), através dos relatórios anuais da Caixa Econômica Federal, referentes ao FGTS, publicados nos Diários Oficiais de 29.07 e 02.08.2011.
17. Constam desse relatório: 16,5 milhões de demissões sem causa justa no ano de 2008; 17,3 milhões em 2009; e 17,5 milhões em 2010. Esses números, se mais divulgados, apagariam a imagem de dinamismo econômico e de progresso social formada com os releases do Ministério do Trabalho apregoadores da criação de dois milhões de empregos por mês.
18. As 17,5 milhões de demissões que determinaram saques do FGTS em 2010, significam quase 1,5 milhão por mês, o que reduz para meio milhão os dois milhões resultantes da geração de novos empregos.
19. Ademais, as demissões não se limitam às que envolvem o FGTS, uma vez que: 1) alguns tipos de empregos, como os de empregados domésticos não implicam recolhimentos ao FGTS; 2) ocorrem também demissões voluntárias e por justa causa, casos em que não há saques contra esse fundo.
* - Adriano Benayon é Doutor em Economia. Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”, editora Escrituras. abenayon@brturbo.com.br

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Governo desvia verbas da saúde


Parte do dinheiro que o governo deveria destinar ao SUS está sendo desviada pelo Ministério da Saúde para finalidades diversas.
As arcas da Saúde financiam, por exemplo, a construção de academias de ginástica que incluem palygrounds, quadras poliesportivas e rampas de skate.
Custeiam também despesas correntes do ministério –de reajustes salariais a benefícios de servidores: assistência médica, vale-refeição, transporte e pré-escola.
Deve-se a revelação à repórter Regina Alvarez. O acinte vem à luz num instante em que corre no Senado o projeto que regulamenta os investimentos em saúde pública.
Um dos objetivos da proposta, recém-aprovada na Câmara, é o de coibir desvios antigos, atribuídos a Estados e municípios.
Pela proposta, governadores e prefeitos ficam proibidos de usar a grana da Saúde para bancar, por exemplo, a folha de aposentados e as obras de saneamento.
Descobre-se agora que os drenos que sorvem os sempre excassos borderôs da Saúde são comuns também em Brasília.
Ouvido, o ministério defende o indefensável. Alega, por exemplo, que as academias reduzirão a incidência de doenças cardiovasculares e hipertensão. Beleza.
O diabo é que, observadas as leis, o dinheiro para esse tipo de gasto deveria vir de outras rubricas do Orçamento, não do SUS.
Hoje, o orçamento anual da Saúde é de R$ 71,5 bilhões. (Blog do Josias)Ivan Santos Jornalista  12/10/2011